Hospitalizações por Perturbação Esquizofreniforme: Uma Análise Clínica e Demográfica de uma Base de Dados Nacional

Autores

  • Inês Teixeira da Cunha Faculty of Medicine. Universidade do Porto. Porto.
  • Celeste Silveira Psychiatry Service. Unidade Local de Saúde São João. Porto.
  • Alberto Freitas CINTESIS@RISE. Department of Community Medicine, Information and Health Decision Sciences (MEDCIDS). Faculty of Medicine. Universidade do Porto. Porto.
  • Manuel Gonçalves Pinho CINTESIS@RISE. Department of Clinical Neurosciences and Mental Health. Faculty of Medicine. Universidade do Porto. Porto; Department of Psychiatry and Mental Health. Unidade Local de Saúde Tâmega e Sousa. Penafiel.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.21714

Palavras-chave:

Hospitalização, Perturbações Psicóticas

Resumo

Introdução: A perturbação esquizofreniforme manifesta-se com sintomas semelhantes aos da esquizofrenia, mas distingue-se desta pela sua duração mais curta, que varia entre um e seis meses. O objetivo deste estudo foi descrever e analisar as hospitalizações por perturbação esquizofreniforme numa base de dados nacional de internamentos.
Métodos: Planeámos um estudo retrospetivo, utilizando uma base de dados de hospitalizações a nível nacional, contendo todos os internamentos registados em hospitais públicos de Portugal Continental entre 2008 e 2015. As hospitalizações com diagnóstico primário de perturbação esquizofreniforme foram selecionadas com base no código de diagnóstico 295.4x da Classificação Internacional de Doenças versão 9, Modificação Clínica (CID-9-CM). Foram obtidos dados relativos à data de nascimento, ao sexo, à zona de residência, aos diagnósticos, à duração do internamento (length of stay), ao estado de alta e às despesas hospitalares. As comorbilidades foram analisadas com recurso à pontuação do índice de Charlson. Foram efetuados testes t para amostras independentes para avaliar diferenças em variáveis contínuas com distribuição normal e testes Mann-Whitney-U quando esta distribuição não foi registada.
Resultados: Nos hospitais públicos de Portugal Continental, ocorreu um total de 594 internamentos com o diagnóstico primário de perturbação esquizofreniforme durante o período de oito anos selecionado. A maioria, 72,1% (n = 428), estava associada a doentes do sexo masculino. A idade média de admissão foi de 34,34 anos nos homens e de 40,19 anos nas mulheres. A mediana do length of stay foi de 17,00 dias e a mortalidade intra-hospitalar foi de 0,5% (n = 3). Apenas 6,1% (n = 36) dos episódios de internamento tinham uma ou mais comorbilidades registadas. Foram documentados 41 reinternamentos.
Conclusão: As hospitalizações com o diagnóstico principal de perturbação esquizofreniforme ocorrem mais frequentemente em doentes jovens do sexo masculino. Tanto quanto é do conhecimento dos autores, este é o primeiro estudo de âmbito nacional que analisa todos os internamentos por este diagnóstico em Portugal.

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Publicado

2024-09-06

Como Citar

1.
Teixeira da Cunha I, Silveira C, Freitas A, Gonçalves Pinho M. Hospitalizações por Perturbação Esquizofreniforme: Uma Análise Clínica e Demográfica de uma Base de Dados Nacional. Acta Med Port [Internet]. 6 de Setembro de 2024 [citado 21 de Novembro de 2024];. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/21714

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